segunda-feira, 7 de setembro de 2009

BAHIA, TUDO COMEÇOU AQUI

O início do cenário político baiano confundiu-se com os primórdios da política brasileira. A Bahia foi sede da colônia, por anos, desfrutando do famoso desenvolvimento, na visão dos colonizadores. Daqui partiam todas as decisões políticas para o Brasil, reproduzindo os comandos de Portugal. Nesta época, a Bahia possuía a maior influência no cenário nacional, e vivia um período áureo em relação às outras regiões do país.

Com a mudança da sede da colônia para a cidade do Rio de Janeiro, a Bahia perdeu o seu destaque nacional. Os grandes investimentos, com a chegada da Família Real ao Brasil, restringiram-se ao Rio de Janeiro. Uma enorme perda econômica e política para a Bahia, pois a partir de então os comandos da política brasileira desenvolveu-se na região sudeste.

Apesar da forte influência da monarquia na Bahia, ideais abolicionistas permearam nossa história, destacando o ilustre nome de Rui Barbosa. Sua defesa pelos negros alcançou o âmbito nacional. Mas mesmo hoje, a população negra, maioria no Estado, tem poucos representantes na esfera política.

A política nas primeiras décadas da República Baiana esteve nas mãos dos coronéis do cacau, que ditavam suas leis, e formavam seus filhos “doutores’ dos quais muitos lograram cargos políticos. Um cenário propício para a futura ditadura. Pois a República Baiana não era “do Povo para o Povo”. Com o descontentamentos da República surgiram revoltas, como a Guerra de Canudos, que foram brutalmente sufocadas. A República nos foi imposta, porém não ensinada.

Com o Golpe Militar no Brasil, surgiram novos nomes na política baiana, porém defendendo os mesmos interesses da elite, como o nome do Interventor Juracy Magalhães.

O coronelismo de outrora, tornou-se sinônimo da política contemporânea brasileira, onde os velhos “caciques”, crias da Ditadura, dominam ainda o cenário político nacional, inclusive o baiano, com a figura de Antônio Carlos Magalhães. Aos poucos o coronelismo vem sendo abalado por ideais de renovação. Assim para continuarem no poder, o “velho” se transfigura de “novo”, até mesmo, mudando as siglas dos partidos, como por exemplo, a atual troca do PFL por DEM.

Atualmente, a Bahia passou por algumas mudanças no âmbito político, o império da famosa Direita baiana foi tremendamente abalado com derrotas sucessivas do antigo PFL, nas esferas municipais, estadual e até nacional. O velho “cacique” baiano, ACM, foi perdendo a sua influência sobre a Bahia nos últimos anos de sua vida, mas deixou seu neto para dar prosseguimento político à família, lembrando o período das Capitanias Hereditárias e a Monarquia. Esse princípio do Brasil Colônia, do poder político passado de pai para filho, é muito comum de se ver na Bahia, desde vereadores a altos cargos políticos.

Hoje a política baiana não tem grande influência no cenário nacional. O clima político de algumas cidades do interior baiano é tenso. A troca de favores e venda de votos, ainda é uma prática no Estado. A corrupção na política brasileira é um fato conhecido mundialmente, e infelizmente na Bahia não é diferente, apesar de não ser tão exposta pela mídia ou pelas investigações federais. Sair deste caos parece ser impossível, mas a esperança de uma Bahia que politicamente defenda os anseios do povo, com ética e sem corrupção, é uma construção longa e árdua que se começa com uma fundação sólida, e compete a nossa geração começá-la.

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